Hoje em dia está muito na moda ouvirmos falar em “falta de limites”, que as crianças não respeitam seus pais, seus professores, seus cuidadores em geral e qualquer pessoa que esteja a sua volta, não generalizando num todo, mais existem muitos casos.
Nos anos passados, na época de nossos pais, a educação era super rígida, jamais um filho desrespeitaria os mais velhos, ouviria conversas dos adultos, nunca daria um palpite em algum assunto. As crianças não participavam destes momentos como hoje, aos poucos as coisas foram mudando, acredito que a mudança foi para melhor, pois seria espantoso o mundo em termos de educação, convivência, socialização. Já na nossa época de criança sabíamos quando estávamos fazendo algo de errado somente pelo olhar do pai, onde era o mais “respeitado” não digo respeito, mais sim, até mesmo “medo”, por ser chamada atenção, de levar umas palmadas, ficar de “castigo” enfim tínhamos de respeitar. Podemos até mesmo dizer que somos da última geração em que os filhos realmente respeitavam seus pais, tendo de certa forma “medo”.
Hoje em dia as coisas já estão totalmente diferentes as crianças desde que nascem estão inseridas socialmente, que bom que tivemos este crescimento; é realmente maravilho, mais em contra partida os pais não estão sabendo lidar com o tal limite que seus filhos estão precisando. As crianças não sabem o que é um “sim” e o que é um “não”, não aceitam frustrações e os pais não permitem que tenham frustrações, pois é muito mais fácil resolver as coisas favorecendo o que a criança quer do que bater de frente com ela explicando o motivo do não.
O grande erro é que os pais de hoje não estão querendo repetir a educação que tiveram, no caso, “errar” na criação de seus filhos, sendo assim a educação está meio perdida, sem direção, não estamos nos dando conta de que os tempos são outros; as crianças estão mais exigentes, mais espertas, agressivas, questionadoras, buscando respostas para tudo. Asssim as coisas estão mais permissíveis e está cada vez mais difícil de educar as crianças para viver em sociedade respeitando á todos á sua volta. Não se justifica que a criança necessite apanhar, mais as crianças precisam saber até onde é o seu limite, até onde podem ir. Os pais não estão mais tendo tempo para ficar com seus filhos, tendo outras prioridades, em suas vidas. As crianças estão cada vez mais ficando com babás,com avós, em escolas no turno integral sem ter um convívio sadio com seus pais. Isto também implica em não dar limites, pois aproveitam o pouco tempo que estão com seus filhos para fazerem somente o que eles querem, incentivando-os a exigir cada vez mais só o que desejam, retirando assim a culpa de não estar ativamente participando da criação de seus filhos.
Segundo o autor, Aquino, (1996) o limite entre os problemas de aprendizagem e os de indisciplina torna-se um tanto difuso. A causa dos fatores da falta de limites e de indisciplina, está ligada aos fatores biológicos familiares e sociais.
Observa-se que atualmente as crianças já não obedecem a seus pais e muito menos seus professores. Um problema que vem sendo encarado como “falta de limites”. Segundo o autor Aquino, (1996) o tema disciplina é complexo de ser trabalhado, pois pode tomar vários rumos, desde o moralismo ingênuo, reducionismo, até ambigüidade.
O limite também pode ser visto como uma máscara na qual a criança a veste frente ao conformismo ou ao medo, o limite assim como a disciplina é necessário para tirar o homem da condição de animal, assim como, para a criança uma forma de controlar seus impulsos e afetos.
“Não quer dizer que o “dar limites”, o ” não poder”, seja para que a criança fique quieta, sem saber lidar com suas curiosidades; suas vontades; suas expectativas; não saiba brincar; ou até mesmo falar o que realmente pense, mais sim que ela possa entender que as coisas não são como queremos, e que ao longo da vida, vão ter de enfrentar frustrações e que deverá ter outras opções além daquilo que ela quer fazer ou quer ter, compreendendo o porquê não foi permitida a fazer o que queria muito. O “não” é importante para a criança, porém o adulto jamais pode esquecer que em cima deste não deve lançar escolhas, sem exageros mais com leveza para que a criança também se sinta valorizada, amada, respeitada....
A criança enquanto muito pequena é egocêntrica, acha que tudo deve ser como ela quer e que tudo e todos devem ficar em torno dela, pois não tem nenhuma noção do que é certo e o que é errado a medida em vão crescendo vão conseguindo e percebendo a forma como podem conseguir o que querem, e muitas vezes vão jogando com os adultos sem que eles percebam, para conseguir o que realmente querem e da maneira que verdadeiramente querem. Por isto os adultos devem ter consciência da importância de dar “limites”, não somente valorizando o “não” mais também positivizar o que a criança consegue, o que a criança aceita enfim respeitar a criança como criança. A modernidade criou uma pedagogia a qual exige que a criança seja um ideal. Aí, segundo o autor se explica uma ineficácia da educação frente à indisciplina. Deve-se abrir mão desse ideal e tentar ver a criança real. Fazendo-a aproveitar esta fase tão mágica que é ser criança.
A educação não pode ser pensada fora do domínio da ética e da política, pois é a partir dela que poderemos mudar o mundo.
BIBLIOGRAFIA:
AQUINO, Júlio Groppa (org.) - Indisciplina na Escola: alternativas teóricas e práticas – São Paulo: Summus, 1996
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