quinta-feira, 18 de novembro de 2010

PSICOPEDAGOGIA

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA PSICOPEDAGOGIA


A Psicopedagogia tem por objeto de estudo a aprendizagem como um processo individual contextualizado na dimensão social, em que a direção da construção do conhecimento é valorizada e entendida como processo, parte do resultado final. A Psicopedagogia é uma área de conhecimento de ação dirigida para o processo de aprendizagem humana. Sendo seu objeto de estudo o ser cognoscente, aspecto de um sistema complexo e inerente à condição humana, a aprendizagem não é estudada pela Psicopedagogia no espaço restrito da escola, ou num determinado momento da vida, posto que ocorre em todos os lugares, durante todo o tempo .
A Psicopedagogia aparece como pioneira na França onde foram fundadas as primeiras Clínicas em Psicopedagogia que era chamado de Centro Médico-psicopedagógico, já na Europa foram criadas no século XIX, foram criados classes especiais nas escolas públicas, para a reeducação de crianças com retardo mental. Mais a Psicopedagogia cresceu mesmo no século XX, na Europa e também nos Estados Unidos aparecendo ai escolas especializados e clínicas para crianças com déficit de aprendizagem, aparecendo aí às equipes multidisciplinares com enfoque nas intervenções de aprendizagens.
Na Argentina a Psicopedagogia constitui-se como grande campo profissional. Um estudo sobre a história da Psicopedagogia nos remete à Europa do século XIX.
Segundo Bossa (2000), as primeiras iniciativas para atender crianças com dificuldades de aprendizagem se deram na França, onde o atendimento era feito por profissionais da Medicina, Psicologia, Psicanálise, Pedagogia entre outros. Esse atendimento alcança sucesso e se espalha por diferentes países. Na Argentina, a Psicopedagogia se torna atividade popular e rotineira, sendo desenvolvida na rede pública de ensino.
A Psicopedagogia no Brasil surge com a influência da Argentina, à presença de psicopedagogos argentinos ministrando cursos e desenvolvendo atividades no nosso país. Inicialmente o Brasil esteve ligado a uma concepção de reeducação, a dificuldade de aprendizagem que era vista como um déficit e o trabalho de reeducação com o sujeito que não conseguia aprender era vencer suas limitações.
Com a evolução da Psicopedagogia em nosso país, aparecia uma nova visão dos psicopedagogos, como campo interdisciplinar do conhecimento, passa-se a integrar outras áreas de conhecimentos, assim como a Neurologia, a Lingüística, a Psicomotricidade, dispostos a compreender e intervir nos processos de não – aprendizagem e de aprendizagem. A Psicopedagogia no Rio Grande do Sul teve grande significado na construção do espaço psicopedagógico brasileiro. A formação do psicopedagogo se constrói de forma sistemática e permanente partindo da relação dialética entre a teoria e a prática psicopedagógica.
A Psicopedagogia se preocupa com as questões de aprendizagens e da não aprendizagem, utilizando aí os diversos campos de conhecimentos citados a cima e, com isto, deve se preocupar com as questões de não aprendizagem e de aprendizagem, partindo de que o sujeito tem condições e possibilidades de aprender, podemos dizer que a causa da dificuldade de aprendizagem não está ligada somente no sujeito mais sim no seu contexto histórico como um todo.
É importante que a intervenção psicopedagogica clínica se mantenha preocupada não só com a identidade do sujeito mais também com suas estruturas cognitivas, proporcionando aí o seu melhor desenvolvimento, pois a dificuldade de aprendizagem não isolada deve ser inserida no contexto social, cultural, epistemológico e também no individual.
A dificuldade de aprendizagem pode manifestar-se como sintoma, que acaba mascarando a repressão de algum acontecimento que tem significado para o não aprender, outra forma é inibição cognitiva que por sua vez é a retração intelectual do ego, não permitindo que o sujeito se sinta capaz, nestes dois casos, e ainda temos o comportamento reativo que está ligado á escola.
O diagnóstico e a intervenção clínica devem abordar a aprendizagem e as dificuldades voltado pra o processo dialético, voltado para o corpo, organismo, inteligência e desejo. O psicopedagogo deve estar preparado para ouvir á fala dos pais, pegando, sempre um algo a mais do seu discurso, nos atos falhos e nos lapsos, sendo dados significativos que o inconsciente deixa escapar, nos sendo riquíssimo no contexto da intervenção.
Para Paín (1989, p.36), o psicopedagogo deve

(...) animar o diálogo, favorecer a expressão e criar um clima afetuoso e compreensivo; sua missão é de que o casal saia conformado, menos ansioso do que entrou e com uma imagem suficientemente clara da próxima tarefa.

Na reconstrução da história de vida do sujeito com dificuldades de aprendizagem o psicopedagogo consegue identificar a modalidade do processo assimilativo-acomodativo. Deve-se olhar nas relações de aprendizagem desde que nasceu não olhando o não aprender como falha e sim como sintoma. Qual relação que trouxe esta falha? Como o adulto interfere neste processo de aprendizagem e não aprendizagem.
A nós psicopedagogos cabe investigar as dimensões cognitivas, afetivas, corporais, pedagógicas, partindo de uma leitura dialética juntando estes fatores para realizar uma leitura como um todo em cima do sujeito com dificuldades na aprendizagem, possibilitando assim a intervenção psicopedagógica.
Hoje o grande desafio da Psicopedagogia no Brasil é ver concluído o processo de regulamentação da profissão e ampliar seu espaço de atendimento.

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